Keith Sanborn : Energia da Delusão

Exposição: 15 março a 30 de abril 2014                                                Abertura 15 de março das 17h às 21h

 

Keith Sanborn é um cineasta americano que interroga através de suas obras as representações produzidas pelas múltiplas formas de cinema. Artista e teórico da Mídia, ele questiona o cinema desde o final dos anos 70, para criar espaços de reflexão em torno das representações que o mesmo gera. É assim,portanto, que a história e a memória do cinema têm um lugar cada vez mais privilegiado em seu trabalho.
Seu gosto pelo détournement se afirma através de seus filmes e se reflete nas traduções e programas que organiza em torno de situacionismo e letrismo … Seu trabalho se alimenta de saques e do desvio de sequências de filmes icônicos (de Zapruder footage, a Killing of Sadam Hussein…), bem como as apropriação de seqüências que normalmente não prestamos atenção, pois estão como que incrustadas no fluxo narrativo de um filme. A Trilogia Gillian Hills coloca sob os holofotes uma atriz desconhecida. Ele restitui vida a camadas da história do cinema esquecidas ou deliberadamente descartadas. Sua obra oferece leituras da história através de adaptações, descodificações de filmes publicitarios (Operation Double Trouble) ou usando compressões dos clássicos da história do cinema (Energy of Delusion).
Durante vários anos, a questão da história do cinema tornou-se um grande desafio para o artista. Em 1988, em um manifesto, “détournant” Louis Lumière e Hollis Frampton, ele escreveu que “o cinema é uma invenção sem história”. Desde então, seu trabalho centrou-se sobre a possibilidade de histórias de filmes, ouvindo e tocando formas estabelecidas de cinema . Isso explica o uso de formas aleatórias, que atualmente favorecem o autor a fim de gerar obras infinitas.
Duas instalações

Energía da Delusão: Este projeto de 60 filmes de um minuto (2 minutos cada contando os letreiros), chamados: Energia da Delusão, toma seu nome da frase do Tolstoi, que se torna o título da obra-prima de critica de Shklovsky, na qual uma palavra, mesmo que nunca antes pronunciada, poderia, no fim, alcançar a intuição.
Meu objetivo é criar um museu do cinema extremamente comprimido, que consiste notavelmente em um dos mais engajados, difíceis e longos trabalhos da história do cinema- um daqueles trabalhos quase invisíveis que exploram as condições limite do filme. Trabalhos que se tornaram invisíveis precisamente por causa do seu status de ” clássico”. O experimento está “em somente ver o que se percebe” quando esses trabalhos são comprimidos, num espaço de tempo comum ainda que curto, no qual poderíamos guardar todo o filme na memória de uma só vez, ou refrescar-nos a memória num fluxo proustiano de imagens, ou simplesmente experimentar a energia da delusão.
Os títulos individuais de cada trabalho no projeto são encriptações dos títulos originais dos filmes e informam sobre o fator compressor envolvido na redução deles para um minuto de projeção.
A instalação pode ser uma fila de 60 telas planas idênticas colocadas  lado a lado ao longo da parede, ou em outra conformação mais apropriada ao espaço. Uma possibilidade alternativa seria uma projeção única numa grande tela na qual os 60 trabalhos seriam projetados sem parar em ordem aleatória. Na versão monocanal – tanto a linear quanto a aleatória – citações de Tolstoi e Shklovsky são inseridas no trabalho. -Keith Sanborn

Trilogia Gillian Hills
A Trilogia de Gillian Hills começa como uma busca, com uma obsessão adolescente por Laranja Mecânica de Kubrick, mais particularmente com a cena acelerada de sexo a três do filme. Eu fiquei particularmente obcecado pela loira. Quando descobri que ela era Gillian Hills, as pesquisas subsequentes me levaram a saber que ela tinha sido filmada num dilema bastante parecido no Blow-up de Antonioni, desta vez, com uma peruca castanho-escura. A versão de Kubrick era, então, uma remontagem distópica do filme de Antonioni. Mais pesquisas me abriram para a importante carreira de Gillian Hills na música e a sua estréia em longa-metragem: Garota Existencialista (Beat Girl). Mesmo nesse filme que é tristemente explorador, Hills, ironicamente tem maior liberdade de ação em seu papel do que no cinema de autor, onde a encontrei primeiro. Eu intervi em  cada filme, tratando de expor as estratégias dos diretores e de mostrar o extraordinário, e amplamente desconhecido, talento de Gillian Hills.

A Trilogia de Gillian Hills é um projeto de três partes celebrando a presença em tela de Gillian Hills em três de seus mais vistos, ainda que papéis desconhecidos:  Laranja Mecânica, Blow-up e Garota Existencialista (Beat Girl). Em seus papéis secundários nos filmes de Kubrick e de Antonioni – que se tornaram momentos memoráveis para os filmes –  ela é invisível a plena vista,. mau é creditada. No filme sensacionalista de Edmond T Gréville, ela atua no papel principal e ironicamente desfruta não somente de um amplo reconhecimento mas também uma atuaçäo muito mais grandiosa. Formulei uma intervenção específica para cada filme: na primeira parte, Memória Impessoal …Eu tento encontrar a velocidade original do plano acelerado de Laranja Mecânica. Na parte dois, Aspectos… Eu selecionei apenas a cenas em que Gillian ou, talvez, a sua sombra aparece e as reordenei aleatoriamente; e na parte três: B.G.B.G, eu criei um monstruoso pseudo-anaglífo ao sincronizar um corte do release  americano do Roger Corman com o original num importante momento do filme. Essas intervenções tem intenção de expor as estratégias dos diretores e dar visibilidade ao extraordinário  e amplamente desconhecido talento de Gillian Hills. Keith Sanborn

 

20 de março às 19h  
Palestra de Keith  Sanborn: «  Duas abordagens do desvio : Guy Debord e René Viénet. »

10 de Abril 2014 às 19 h
Keith Sanborn em contexto : por yann beauvais
com filmes de Guy Debord, Bruce Conner, Hollis Frampton, Esfer Schub, Les Leveque, Peggy Ahwesh…..

 

Keith Sanborn
Nasce em 1952 em Wichita no Kansas.
Vive entre Catskill, Brooklyn e Princeton. Trabalha o cinema desde 1978.
Keith Sanborn é um artista, téorico e curador independente americano. Ele é também professor de artes visuais no Lewis Center da  universidade de Princeton. O seu trabalho questiona as representações que produzem o cinema e a televisão, investigando a sociedade americana através de seus meios de comunicação. Foi convidado de varios festivais como Europian Media Arts Festival d’ Osnabrück e o New York Video Festival….Varias exposições individuais foram-lhe dedicadas por instituições como Academia do Filme de Praga, e o Millennium Film Workshop de New York. Suas obras fazem parte de coleções permanentes do Museus de Arte Moderna de New York, Cinemateca de São Francisco, e do Centre Pompidou. Foi curador de exposição para a Galeria Hallwalls de Buffalo e do Festival do Curta Metragem de Oberhausen. Traduziu as obras de Guy Debord, Gil Wolman, René Viénet, Georges Bataille, Berthold Brecht e Esfir Shub. Ele contribuiu fortemente para a introdução do trabalho da Internacional Situacionista no mundo Anglo-Saxão.

Livros organizados :
Vertov From Z to A, org: Peggy Ahwesh & Keith Sanborn, Ediciones La Calavera, New York 2007
Napoleon : How to Make A War, Ediciones La Cavalera New York 1998
Craig Baldwin : Tribulation 99, Alien Anomalies Under America, Ediciones La Cavalera New York 1991

 

Operation Double Trouble [2003]

The Artwork in the Age of its Mechanical Reproducibility by Walter Benjamin as told to Keith Sanborn (1936/1996)

Mirror (1999)

 

Author: Edson Yann

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