Erwin Wurm: Video Works

24 agosto – 05 outubro 2013

“Minha primeira escultura foi, puramente por motivos econômicos, baseada no uso de materiais de fácil acesso. Na verdade, a lógica da proximidade pode ser encontrada em One Minute Sculptures, baseada em materiais acessíveis no dia-a-dia. Eu queria descobrir até que ponto se pode converter e transformar em esculturas coisas que tinham a ver com jogos, comida,cuidado com o corpo e desejo. Partindo do princípio que escultura é uma questão de volume, percebi que tirando ou acrescentado peso poderia formar uma dimensão escultural.” EW

Dos nove videos selecionadaos para a mostra em bcubico, 3 mais recentes, são animações e falados, e os outros 6, anteriores à 2000, foram feitos com uma câmera estatica (ou com bruscos movimentos de enquadramento do objeto) e não têm fala, ouvimos somente o som dos movimentos, das quedas dos corpos e objetos, resultado de um desfile de cenas curiosas, figuras e rotinas cômicas.  o traço comum nestes trabalhos é a questão do que constitui uma escultura. É uma pessoa mostrando a língua uma escultura?

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59 POSITIONS, 1992, 20′  / 59 Posições 1992, 20′

Este vídeo mostra uma sucessão de planos do espaço ocupado por formas estranhas, corpos humanos enrolados em roupas que não se pode dizer se é a roupa que dá forma ao corpo ou se é o corpo que deforma a roupa. O corpo é um material maleável, que assume várias formas, que se erguer como uma Vênus sem braços e sem cabeça, ou, tornando-se um cubo … Os corpos são deformados, mas não podemos falar de informe, mas sim de corpo sem órgãos que exerçem a posição, o tempo de uma captura. A simplicidade do ato de registro permite o manifestar de um objeto estranho num espaço cotidiano, como se a roupa permisse fugir para outro imaginário a partir de sua simples apropriação.

 

FABIO GETTING DRESSED, 1992, 26’50 / Fabio Vestindo-se, 1992, 26’50

Como disse Erwin Wurm, ganhar ou perder peso é um trabalho sobre volumes, mas pode-se também ganhar volume pelo revestimento de camadas e camadas de roupas, assim como Fabio neste video, que veste lentamente todo o seu guarda-roupa. Assistimos a uma transformação gradual, mais visível no entanto, que o ganho de peso ao longo dos meses.

ONE MINUTE SCULPTURES , 1997 , 47′ / Esculturas de Um Minuto, 1997, 47′

Esta coleção de performances de Erwin Wurm tentando dar instruções para o corpo produzir esculturas. As propostas surpreendentes se misturam com objetos do cotidiano como lápis, garrafas, frascos, bicicletas, bolas de tênis, placas, tubos … A singularidade das construções revelam-se através do seu desenvolvimento gradual, às vezes, sem sucesso, em que o ato de fazer é mais importante que qualquer ridículo. Mas a realização da escultura exige grande concentração e parece expulsar a estupidez das propostas. Cada proposta parece brincar com a história do cinema, bem como a história da arte. O humor exercido como método primário para chamar a atenção de alguém e incitar as pessoas a observarem as coisas com mais atenção.

 

FLIGHT SIMULATOR, 1998 , 8’24 / Simulador de Vôo, 1998, 8’24

Os jogos de vídeo e/ou cursos de aprendizagem nos simulam espaços em que devemos reagir. Neste vídeo, Erwin Wurm reverte completamente o simulador proposto. Em efeito, não  veremos nada do espaço que o personagem deveria voar, vemos o banco desequilibrando-se da mesma forma que sentimos nos aviões, inclinando-se para um lado e para o outro… até a queda. Faz-nos imaginar espaços e sensações a partir do movimento do piloto amador.

 

HEATING, 2000, 3′ 09 / Aquecimento, 2000, 3’09

Uma moça lambe um radiador. Nada de espetacular. Uma ação surpreendente que se diferencia das Esculturas de Um Minuto, na medida em que, não é uma questão de colocar em prática um jogo de construção, mas de executar uma ação que coloca um corpo através do rosto e língua em cena, e o suposto calor de um radiador.

QUETSCH & WUMM, 2001, 11′

Nenhuma situação é ridícula, só os nossos olhos fazem com que a seja através do julgamento, uma qualidade moral. Cada proposta de Erwin Wurm desafia nosso senso comum: o bom senso… e nosso equilíbrio. Neste vídeo, o artista anda sobre bolas de tênis jogadas no chão de um quarto. Plano fixo mostrando a tenacidade do performer tentando cruzar um espaço, pisando nessas bolas, resultando de fato uma instabilidade, um desequilíbrio, escorregões e quedas. O enquadramento no chão coloca em primeiro plano as bolas de tênis amarelas e as transformam em incríveis máquinas de queda. Nossa expectativa da queda pode ser criticada e só podemos ser surpreendidos com o sucesso ou fracasso de cada tentativa. O jogo sugere uma continuidade infinita. “A noção de falha é intimamente ligada à minha abordagem. E não é uma questão de esconder ou excluir este parâmetro. Pelo contrário, eu tento expô-lo. É um elemento positivo, enriquece o trabalho.” EW.

 

I LOVE MY TIME, I DON’T LIKE MY TIME, 2003, 8’40 / Eu amo o meu tempo, eu não gosto de meu tempo, 2003, 8’40

Um carro gordo que nos fala. Animação feita a partir de uma escultura de carro inchado Erwin Wurm. Faróis e para-choque dão à luz a um rosto. Em seu monólogo, o carro nos compartilha o que ele gosta e o que não gosta na época que vive e da violência no mundo contemporâneo, especialmente as relacionadas às armas e às drogas.

tradução / translation :: Bcubico

 

AM I A HOUSE, 2005, 9’29 / Sou uma casa? 2005 9’29

consiste de um unica tomada, a camera fixa-se em uma enorme escultura disposta em um grande salão industrial. é uma casa de paredes amorfas; suas 2 janelas são os olhos e sua porta, fechando-se atràs de um homem que acaba de entrar, se transforma em uma boca falante. uma casa antropomorfica. A casa gorda estufa para fora (engordar e emagrecer para Wurm, são trabalhos de volume, são, portanto escultura), e o seu telhado inclinado como uma peruca, se separam no topo. Quando a casa fala, ela também fala sobre a relação entre interior e exterior.  Fala-nos da particularidade de se encontrar no interior desde que a priori ela é um objeto exterior. Ela tem a capacidade de nos proteger, de nos isolar do mundo.  Esta casa pensante percebe também que é um objeto de arte e por consequência não é uma casa. Ela também se pergunta sobre seu tamanho. Através de reflexões ligeiras dessa casa falante aflora-se uma crítica social e política.

tradução / translation :: Bcubico

TELL , 2007/08,  7’18 / Diga 2007/08, 7’18

Neste vídeo, que é o mais narrativo de Erwin Wurm, a discussão de um casal que percorre de carro algumas ruas e avenidas de Viena questionando a lógica de situações, opera visualmente uma real reversão do plano de perspectiva. O filme implanta visualmente o que fala o casal. Vemos realizar-se uma lógica discursiva rompendo assim o mimetismo da representação. Tudo pode acontecer, tudo está em evolução, nada é permanentemente fixo, preso …

tradução / translation :: Bcubico

 

AGENDA::

Wurm em Contexto : 26 de setembro 2013

 

As obras de Wurm partilham afinidades fortes com o artista alemão Franz Erhard Walther, que de forma similar descreve uma obra de arte como um evento interligado entre um corpo humano, um ato e um objeto. Alguns exemplos de Bas Jan Ader, Joseph Beuys, John Baldessari, Ana Medieta, Yoko Ono, Bruce Nauman, Gilber & George, Joseph Kosuth, Charles Ray e Dennis Oppenheim também mostram parentesco inegável. Com sua ênfase no processo em detrimento do resultado, Erwin Wurm continua explorarando questões semelhantes às da Arte Conceitual  ou Body Art em obras que apenas vivem na documentação.