Curtas de Jonas Mekas
Cineclube Imagem-pensamento #10 // 07 de janeiro 1949, ano em que Jonas Mekas e seu irmão Adolfas chegam aos Estados Unidos. Lituanos, eles imigram para a América depois de passar quatro anos em diferentes campos para « displaced persons », os « D.P. Camps » como ficaram conhecidos os campos criados pelas forças aliadas no final da II Guerra para acolher os prisioneiros libertados e que não podiam retornar a seus países de origem, então sob controle da União Soviética. Jonas e Adofas terminam a guerra trabalhando como camponeses em uma fazenda no norte da Alemanha, onde foram parar depois de escapar de um campo de trabalhos forçados em Hamburgo. Eles foram enviados para o campo sem grandes explicações quando tentavam chegar a Viena, fugindo da Lituânia, então sob a ocupação alemã… Os irmãos Mekas chegam aos Estados Unidos sedentos por arte, literatura e cinema com o desejo de poder finalmente escrever, atividade que tentaram precariamente desenvolver nos campos, e pela qual Jonas já tinha algum reconhecimento na Lituânia. Tendo passado seus primeiros anos em meio na comunidade lituana no bairro de Williamsburg, no Brooklyn, rapidamente aproximaram-se de uma cena artística e cultural efervescente que já dava seus melhores sinais na literatura beat, e na qual germinava grande parte da força criativa que explodira no final dos anos 1950 e início dos anos 1960. Assim que eles chegaram aos Estados Unidos eles compram uma câmera Bolex 16mm… (Patricia Mourão) Notes on the Circus, 1966, 12’ (Notas sobre o circo) Extrato do filme Walden Diaries Notes and Sketches “Desde 1950 mantenho um diário em filme. Tenho andado por aí com minha Bolex e reagido a realidade imediata. Certos dias filmo 10 fotogramas, noutros 10 segundos, noutros ainda 10 minutos. Ou não filmo nada… Walden contém materiais dos anos 1965-69, montados em ordem cronológica.” Cores, movimentos e memórias de um circo. O filme foi inteiramente montado na câmera, durante as filmagens. Travel Song, 1967-81, 25’ The Song of Assissi, 1967 The Song of Avila, 1967 The Song of Moscow, 1970 The Song of Stockholm, 1980 The Song of Italy, 1967 As imagens voam em um borrão vertiginoso até que a câmera pára e fica momentaneamente em uma cena em particular antes da corrida recomeçar. Estes fragmentos têm o rítmo impaciente de alguém a engolir o mundo em um gole voraz.. Williamsburg, Brooklyn, 1950-2003, 15’ Imagens do primeiro ano de Mekas em Nova York. Williamsburg é uma região no Brooklyn onde os imigrantes lituanos moravam, inclusive os irmãos Mekas. Cineclube Imagem-Pensamento Contemplado pelo 7º Edital do Audiovisual de Pernambuco – Funcultura 2013-2014, constitui-se de 10 programas, com sessões semanais de 2h30′...
Nikita Kino
Cineclube Imagem-pensamento #9 // 17 de dezembro Nikita Kino, 2002, 40′, Vivian Ostrovsky legendas em português « Em 1960, minha família morava no Brasil, quando meu pai descobriu que sua irmã e irmão, que ele não tinha visto há 40 anos, ainda estavam vivos em Moscou. Como não podiam deixar a URSS fomos visitá-los regularmente por cerca de 15 anos. Na época, eu tinha uma câmera 8 mm, em seguida, uma câmera super-8 com que eu filmei a família, os nossos passeios, os piqueniques, os mercados e as suas casas … Eu decidi usar este material, que não foi muito interessante por si só, misturando-o com filmes de found-footage soviéticos do mesmo período (1960, 1970, 1980). Eu usei filmes, de propaganda, cinejornais, etc. O resultado é uma espécie de mistura da era de Kruschev com uma colagem de música soviética e uma voz-over de minhas reminiscências da era da Guerra Fria. » Vivian Ostrovsky Em Nikita Kino (2002), Vivian mesclou cenas de sua família russa com imagens de arquivo do cotidiano e da propaganda soviética, obtendo um blend quase indiscernível de memórias individuais e coletivas. Vivian Ostrovsky : Artista americana (1945, Nova Iorque), com formação no Brasil e em Paris, nas áreas do cinema e da psicologia. Tem uma longa carreira como cineasta, utilizando formatos analógicos (sobretudo o Super-8) e digitais. Além de realizadora, Vivian já foi distribuidora de filmes de mulheres e hoje atua como programadora do Festival de Cinema de Jerusalém. A família Ostrovsky, por sinal, é uma das mantenedoras da Cinemateca de Jerusalém. Cineclube Imagem-Pensamento Contemplado pelo 7º Edital do Audiovisual de Pernambuco – Funcultura 2013-2014, constitui-se de 10 programas, com sessões semanais de 2h30′ Click here to learn more A diversidade de pensamento com o cinema. Assim, o texto como imagem, as relações entre imagem e som, encontram-se ao lado de filmes pessoais com uma dimensão autobiográfica. Temas como os da sociedade de consumo contemporânea, da propaganda, da representação da mulher e do neocolonialismo motivam algumas sessões. Enquanto outras, mostram o cinema em situação onde o filme e o vídeo afirmam suas diferenças, através do filme como escultura. A questão do suporte situando o filme e o vídeo em diferente lugares, que vão da sala de cinema até a galeria, será também abordada nas sessões cineclubistas. Os filmes foram legendados em português e serão disponibilizados para os cineastas, e/ou distribuidores. 4as-feiras, em Bcúbico, às 19h . público estimado: 25 pessoas . entrada livre // Programação Cineclube: Imagem Pensamento // //08 out // Reminicences to a Journey to Lithuania Jonas Mekas, 1972, 82′ (legendado...
The Deadman
Cineclube Imagem-pensamento #8 // 10 dezembro The Deadman, 1987, p&b, som, 37′ com: Jennifer Montgomery, Scott Shat, Leslie Singer, Kevin Barrett, Ben Polsky, Raymond Quanta Le Gusta, Diana Torr, Beth Friedman, Griff Kwiat, Kelly. Crew: Dan Goldstein, Griff, Beth Friedman, Antonio Beecroft. Thanks: Peggy Berton, Cathy Cook, Lori Hiris, Stokes Howell, Paul Mann, Rick Pieto. Partially funded by Art Matters Inc. Feito por Peggy Ahwesh em colaboração com Keith Sanborn, The Deadman é baseado em uma história de Georges Bataille, que conta “as aventuras de uma heroína quase nua que coloca em movimento uma orgia escabrosa, antes de voltar para a casa para morrer – uma combinação de elegância, profanação atrevida e esplendor bárbaro. ” Jonathan Rosembaum O filme surgiu a partir do interesse de Ahwesh e Sanborn na obra de Georges Bataille e mais especificamente no texto : Le Mort (O morto) que Sanborn traduziu e publicou (mais tarde, em 1989, nas Ediciones La Cavalera), e no qual o filme é vagamente baseado. As investigações de Bataille sobre o mórbido e o transgressivo se juntam ao interesse de Ahwesh no filme de terror, como os filmes de Georges Romero. Os eventos do filme seguirão mais ou menos aqueles da história. Ahwesh disse que ela foi desenhada para adaptar o texto porque ela gostava “como Bataille não explica as emoções dos personagens”. Peggy Ahwesh, inicia seu trabalho, em Nova York, com o cinema no inicio das 80, com o Super 8 na época do punk, quando as questões do cinema estrutural dominante era questionado pelas práticas artísticas e teóricas feminista. Desde esta época Peggy Ahwesh atravessa todos os gêneros do cinema usando de todos suportes desde pequenos formatos de amadores como Super-8 e o video-8 até a video beta… Ahwesh gosta das praticas híbridas usando o filme de horror, a pornografia, o melodrama como o documentário e as adaptações de livros. Seus trabalhos questionam a sexualidade, o desejo feminino, a linguagem e as representações de arquivos. O humor é importante para a cineasta para quebrar as regras e os gêneros, como são importantes as questões políticas que surgem as vezes como afirmações anarquistas, que mistura nossas expectativas com transgressões de qualquer tipo. (com parodia de filme holywoodiano, manipulação com tinta de filme pornográfico…) Seu trabalho mais recente desenvolveu uma prática que enfatiza as dimensões politicas e sociais, por isto ela trabalha também com as imagens e as aforamentos de hoje, video-game e Internet. Cineclube Imagem-Pensamento Contemplado pelo 7º Edital do Audiovisual de Pernambuco – Funcultura 2013-2014, constitui-se de 10 programas, com sessões semanais de 2h30′ Click here to learn more Content goes hereA diversidade de pensamento com...
Anthony McCall : Line Describing A Cone 2.0 & Gordon Matta Clark : Conical Intersect
Cineclube Imagem-pensamento #7 // 03 dezembro Anthony McCall : Line Describing A Cone 2.0 , 1973-2010, preto & branco, 30′ Anthony McCall : A forma em Line Describing a Cone é definida por uma membrana de luz que gradualmente traça a superfície exterior da forma cônica. Line Describing a Cone (1973) se origina de uma única linha circular. … /… eu vejo este trabalho delineando Line Describing a Cone, a tela pequena com suas imagens minúsculas de apenas 10 ou 15 centímetros a partir das lentes do projetor, e o espectador vendo aquela tela com o projetor logo atrás, observando as imagens feitas de luz branca. Na verdade, tudo que eu tinha a fazer para deixar a configuração próxima da configuração de Line Describing a Cone era remover aquela tela minúscula, deixando que o observador olhasse diretamente para o projetor. Miniature in Black and White foi concluído em 1972 e Line Describing a Cone foi feito no verão de 1973. yb : Em Line Describing a Cone e Long Film for Four Projectors há a presença de um mecanismo (o barulho que acontece na apresentação) que produz a vivacidade da obra no momento exato em que a estamos observando. Você não acha que está perdendo algo com isso em relação aos equipamentos digitais? Anthony McCall : Quando comecei a produzir esses filmes novamente em 2002, utilizando recursos digitais, esse problema me preocupou. Você tem razão com relação ao som. O som rítmico do carrossel passando ruidosamente os slides, misturado ao som suave do ventilador do equipamento é realmente parte integrante de Miniature in Black and White. Da mesma forma, o chiado mecânico do projetor de 16 mm (ou projetores) cria um tipo de zumbido, uma atmosfera ambiente para a instalação. Isso produz um efeito importante, mascarando as vozes, e cria um tipo de acústica que dá privacidade ao observador. Projetores digitais e computadores são relativamente silenciosos. Mas nos anos 70, fazer filmes sem uma trilha sonora parecia uma representação óbvia; e era justamente por causa da ausência intencional de uma trilha sonora que os sons do equipamento estavam em primeiro plano. Atualmente, imagem e som coexistem dentro do meio digital e não há necessidade no momento de ‘excluir’ um deles. Então, o som para mim voltou a ser uma questão estética. …/…Estou interessado no que as pessoas descobrem nesses trabalhos. Considero que o sentido de uma obra é algo criado pelo espectador no seu engajamento com esse objeto formal, não o que eu deposito ali para ser descoberto. ‘Flutuando neste meio, no limite da desordem e do processo’ soa como um bom lugar para uma obra de arte!...
Pink Narcissus : James Bidgood, 1970, cores, 70’
Cineclube Imagem-pensamento #6 // 26 novembro O Delirante mundo de fantasia de um jovem homossexual, amante do requinte e da perfeição. O diretor James Bidgood, não poupou detalhes do imaginário de um adolescente dos anos 70, usando uma linguagem poética, vibrante e de incrível beleza. Obcecado pela juventude eterna, o personagem de Narcissus explora todos os arquétipos do jovem gay e seus mais vicerais desejos. Passando do extravagante pelo épico ao underground, a mistura de estilos serve para ilustrar com bastante precisão o encantamento pelo nu masculino e sua carga de homo erotismo que imperam no universo homossexual. James Bidgood is a photographer and filmmaker who worked mostly between 1963 and 1970. He camefrom Madison to New York when he was 18, with the goal of becoming musical comedy star. Working on the set and costume in which he was acting he started photographying in somptuos colors accorfing to some tableaux. From the early photos he made he create a world of fantasy and dreamlike atmosphere which requires series. Pink Narcissus is Bidgood’s long term, obsessive homage to the young male body. It is a ritual of adoration centering around a single model – Boddy Kendall. The film was painstakingly hand created : most scenes are the result of 20 to 30 takes and miles of footage…/.. Pink Narcissus is Bidgood masterpiece, but as far as he is concerned, it is his ruined masterpiece, for the film waas taken away from him before he could finish shooting and oversee the final editing. The only copy of Pink Narcissus that exists now was pieced together by th editors, some of it after Bidgood was no longer involved. A majority of the images Bidgood shoot are there, as is most of the symbolic narrative intended by him…. Pink Narcissus was Bidgood’s firts attempt to create an allegorical narrative about eroticism based on the myth of Narcissus. He intended the film to be a circular journey – from innocence to the discovery of sensuality to depravity to annihilition and then back to innocence…/… The allegory of Pink Narcissus could be summed up as follows : In a meadow at night, all seems peaceful and innocent, except perharps a web upon which is perched a fat, predadory spider. A nearby chrysalis opens to release a yellow butterfly, pristine and alluring in its natural settings. That fragile butterfly becomes synonymous with the innocent, budding masculinity of a beautiful young man in a Times Square hotel rooms, who is quickly learning to use his body for pleasure and gain. As he waits for his john to arrive, sensual fantaisies take him into idealized fairy tale...
Da Servidão Moderna
Cineclube Imagem-pensamento #5 // 5 novembro A Servidão Moderna , Jean-François Brient e Victor León Fuentes 2009 cor 52′ “Toda verdade passa por três estágios. No primeiro, ela é ridicularizada. No segundo, é rejeitada com violência. No terceiro, é aceita como evidente por si própria.” Schopenhauer A servidão moderna é um livro e um documentário de 52 minutos produzidos de maneira completamente independente; o livro (e o DVD contido) é distribuído gratuitamente em certos lugares alternativos na França e na América latina. O texto foi escrito na Jamaica em outubro de 2007 e o documentário foi finalizado na Colômbia em maio de 2009. Ele existe nas versões francesa, inglesa e espanhola. O filme foi elaborado a partir de imagens desviadas, essencialmente oriundas de filmes de ficção e de documentários. O objetivo principal deste filme é de por em dia a condição do escravo moderno dentro do sistema totalitário mercante e de evidenciar as formas de mistificação que ocultam esta condição subserviente. Ele foi feito com o único objetivo de atacar de frente a organização dominante do mundo. No imenso campo de batalha da guerra civil mundial, a linguagem constitui uma de nossas armas. Trata-se de chamar as coisas por seus nomes e revelar a essência escondida destas realidades por meio da maneira como são chamadas. A democracia liberal, por exemplo, é um mito já que a organização dominante do mundo não tem nada de democrático nem de liberal. Então, é urgente substituir o mito de democracia liberal por sua realidade concreta de sistema totalitário mercante e de expandir esta nova expressão como uma linha de pólvora pronta para incendiar as mentes revelando a natureza profunda da dominação presente. Alguns esperarão encontrar aqui soluções ou respostas feitas, tipo um pequeno manual de “como fazer uma revolução?” Esse não é o propósito deste filme . Melhor dizendo, trata-se mais exatamente de uma crítica da sociedade que devemos combater. Este filme é antes de tudo um instrumento militante cujo objetivo é fazer com que um número grande de pessoas se questionem e difundam a crítica por todos os lados e sobretudo onde ela não tem acesso. Devemos construir juntos e por em prática as soluções e os elementos do programa. Não precisamos de um guru que venha explicar à nós como devemos agir: a liberdade de ação deve ser nossa característica principal. Aqueles que desejam permanecer escravos estão esperando o messias ou a obra que bastando seguir-la ao pé da letra, libertam-se. Já vimos muitas destas obras ou destes homens em toda a história do século XX que se propuseram constituir a vanguarda revolucionária e conduzir o proletariado rumo a liberação de sua condição....