Reassemblage
Cineclube Imagem-pensamento #4 // 29 outubro
Reassemblage, 1982, cor, 40′
A partir de um filme supostamente etnográfico sobre tribos do Senegal, Trinh T. Minh-ha nos dá um filme que comenta sobre o cinema etnográfico e o perigo de categorizar outros povos. Logo no início do filme vemos cenas típicas de um filme etnográfico: um homem construindo um cesto de palha, mulheres carregando utensílios na cabeça etc. A narração de Mihn-ha, no entanto, escapa qualquer tentativa de nos dizer o que estamos vendo ou de tentar explicar aquele povo. A diretora nos diz: Menos de vinte anos foram suficientes… para fazerem dois bilhões de pessoas se definirem como sub-desenvolvidas. Ela esclarece Eu não pretendo falar sobre. Apenas falar ao lado. Em suma é um filme sobre etnologia, e não de etnologia. Como ela mesmo pergunta ao espectador em um momento de seu filme, O que podemos esperar da etnologia?
Reassemblage, propõe uma montagem disjuntiva, que desafia o modelo tradicional de documentário, opondo-se a uma abordagem autoritária em sua forma e conteúdo.
Trinh T. Minh-ha
Cineasta, poeta, compositora e escritora, com formação em etnomusicologia e literatura francesa. É também professora no Departamento de Retórica da Universidade de Berkeley, sendo conhecida por suas teorias na área de estudos feministas e pós-coloniais. “Reassemblage” é o mais conhecido filme da antropóloga e cineasta vietnamita Trihn T. Mihn-ha. Reassemblage, recebeu o prêmio nacional Maya Deren de realizador independente, do American Film Institute e uma bolsa da Fundação Guggenheim. Tanto em seus livros quanto em seus filmes, um dos temas principais de Minh-ha tem sido a discussão sobre a própria (im)possibilidade de realização da antropologia, do conhecimento do Outro. Neste caso Mihn-ha realiza isso de forma cinematográfica.
Seus 6 filmes já foram objeto de 27 retrospectivas pelo mundo. Neles, pode-se dizer, está refletida sua visão de que “não há um, mas muitos centros – e todas as relações de dominação e subordinação (colonizador/colonizado, homem/mulher, diretor/tema), para citar algumas relações, devem ser questionadas”. De fato, bárbaro/estrangeiro/outro pode ser qualquer um – a periferia depende de onde se estabelece o centro, no qual exclusão e inclusão são conceitos relacionais.
Neste âmbito, o movimento feminista tem contribuído para quebrar a dicotomia entre público e privado, e defende seus filmes como políticos não porque tratam de grandes autoridades políticas, mas trata, politicamente, das interações e deslocamentos cotidianos.
Cineclube Imagem-Pensamento
Contemplado pelo 7º Edital do Audiovisual de Pernambuco – Funcultura 2013-2014,constitui-se de 10 programas, com sessões semanais de 2h30′
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A diversidade de pensamento com o cinema. Assim, o texto como imagem, as relações entre imagem e som, encontram-se ao lado de filmes pessoais com uma dimensão autobiográfica. Temas como os da sociedade de consumo contemporânea, da propaganda, da representação da mulher e do neocolonialismo motivam algumas sessões. Enquanto outras, mostram o cinema em situação onde o filme e o vídeo afirmam suas diferenças, através do filme como escultura. A questão do suporte situando o filme e o vídeo em diferente lugares, que vão da sala de cinema até a galeria, será também abordada nas sessões cineclubistas. Os filmes foram legendados em português e serão disponibilizados para os cineastas, e/ou distribuidores.
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4as-feiras, em Bcúbico, às 19h . público estimado: 25 pessoas . entrada livre
// Programação Cineclube: Imagem Pensamento //
//08 out // Reminicences to a Journey to Lithuania
Jonas Mekas, 1972, 82′ (legendado em português)
//15 out // Imitations of Life, Mike Hoolboom, 2003, 21′ + Nostalgia, Hollis Frampton, 1976, 36′
( filmes legendados em português)
// 22 out // Programa Peter Rose
Secondary Currents, 1982, 17′ (legendado em português) + Metalogue, 1996, 3′ +Odysseus in Ithaca, 2006, 5’20 + Solaristics, 2013, 10′ + Studies in Transfalumination, 2008, 5′
// 29 out // Reassemblage
Trinh Minh-ha, 1982, 40′ (legendado em português)
// 05 nov // De la servitude moderne / Da Servidão Moderna
Jean François Brient, 2013, 52′ (legendado em português)
//26 nov // Pink Narcissus, James Bidgood, 1971, 65′
// 03 dez // Line Describing a Cone, Anthony Mc Call, 1972, 30′ + Conical Intersect, Gordon Matta Clark, 1975, 18’40
// 10 dez // The Deadman
Peggy Ahwesh & Keith Sanborn, 1989, 36′ (legendado em português )
// 17 dez // Nikita Kino
Vivian Ostrovsky, 2002, 41′ (legendado em português)
// 07 jan 2015 // Curtas de Jonas Mekas
Programação de yann beauvais, cineasta e curador de mostras de filmes e vídeos desde 1982, com assessoria do designer de filmes Ж, designer de filmes formado em direção de fotografia e pós-graduado em artes visuais pelo IUNA (Argentina).
– Programação apresentada por yann beauvais