VALIE EXPORT em contexto
A obra de VALIE EXPORT no campo do cinema e do vídeo deve ser pensada em relação com outras artistas que trabalham novas representações das mulheres. Com Carolee Schneemann, VALIE EXPORT compratilha a sua dimensão política e feminista, utilizando a performance, o filme e a multimídia como meios privilegiados que traduzem a singularidade de seu trabalho. Assim, as performances e seus registros enfatizam a importância das mulheres na constituição da performance como categoria da Arte. Exemplo que seguem esta mesma linha criativa : Marina Abramovic, Ana Mendieta, Yoko Ono, Gina Pane, Ewa Partum, e também, Letícia Parente e Yvonne Rainer …. VALIE EXPORT, assim como Lynda Benglis, Joan Jonas, Shigeko Kubota, Martha Rosler…, utilizaram o vídeo para suas possibilidades expressivas e formais . Juliana Dorneles, em trabalho recente, também mostra a importância do fazer feminista no Brasil contemporâneo. 16 de maio 19h http://www.youtube.com/watch?v=B3R2qCEFnUU Video http://www.youtube.com/watch?v=JGv7F_S-rYk registros: Edson...
o expanded cinema de VALIE EXPORT
A posição de Valie EXPORT em relação ao cinema experimental e às artes plásticas é singular. Desde o início, ela escolheu trabalhar com cinema, mas não com qualquer tipo de cinema. Um cinema que ela chama de Expanded Cinema (cinema expandido). Conservaremos o nome inglês, pois se trata aí de uma compreensão do cinema, mais próxima da dos artistas plásticos dos anos 90; e radicalmente diferente da do cinema expandido dos cineastas experimentais do fim dos anos 60 e 70. Diferentemente da produção americana, dominada desde o fim dos anos 60 pelo cinema estrutural, mas também diferentemente da escola materialista europeia, encarnada pelo cinema britânico e alemão do início dos anos 70, Valie EXPORT privilegia mais o conteúdo do que a forma. Ela não tem uma dinâmica essencialista em relação ao cinema. Como ela mesma lembra, em uma entrevista de 1995: “Nunca fui ligada a uma interrogação puramente formal do material fílmico, mas sempre me preocupei com o conteúdo da imagem, isso sempre foi importante para mim” (1) Valie EXPORT conhece os trabalhos de Peter Kubelka, e os dos acionistas vienenses, tanto os filmes de Otto Mülh, de Gunther Brus quanto os realizados por Kurt Kren. Peter Kubelka interroga o cinema a partir de seu próprio material. Trata-se de um cinema formal, um cinema materialista que manifesta o suporte a partir de seu funcionamento segundo seus elementos constituintes. Ele trabalha por redução visando ao universalismo, prefigura o cinema estrutural em alguns anos. Define esse cinema como métrico. Essa crença no universalismo será invalidada por Valie EXPORT e pela maioria das artistas mulheres dos anos 60. A matéria-prima dos acionistas é o corpo em todas as suas expressões. Trata-se de uma insubordinação caracterizada que visa perturbar uma sociedade voltada para si mesma, fechada em um conservadorismo pós-fascista. Essas ações usavam e abusavam dos corpos. Utilizavam a mulher, a representavam, apesar de seu radicalismo reivindicado, como qualquer outro grupo, ou seja, ela era um objeto cujo único crédito era o de ser um dos elementos da performance, triturado pela instância dominante: o homem. Vemos como a prática de Valie EXPORT se singulariza em relação àqueles artistas. “Critico o papel das mulheres nas ações materiais realizadas por artistas masculinos (Como feminista, não me interesso pelos papéis dos homens).” Em suas performances, a ação “visa obter a união do ator e do material, da percepção e da ação, do sujeito e do objeto, o acionismo feminista procura transformar o objeto da história natural do homem, o material ‘mulher’, subjugado e mantido na escravidão pelo criador masculino, numa atriz e criadora independentes, ela é sujeito de sua própria história. Pois, sem a capacidade de...
WOMAN’S ART: A MANIFESTO
A POSIÇÃO DA ARTE NO MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO FEMININA É A POSIÇÃO DAS MULHERES NO MOVIMENTO ARTÍSTICO A HISTÓRIA DA MULHER É A HISTÓRIA DO HOMEM Por homens terem definido a imagem para ambos sexos, criaram e controlaram as mídias sociais e de comunicação, como ciência e arte, palavra e imagem, moda e arquitetura, transporte social e divisão do trabalho. Os homens têm projetado sua imagem de mulher nessas mídias , e de acordo com esse padrão médio dão forma à mulher. Se a realidade é uma construção social e os homens seus engenheiros, estamos lidando com a realidade masculina. As mulheres ainda não chegaram à si por que não tiveram a chance de expressar-se, uma vez que não tiveram acesso à mídia. Deixar as mulheres falarem para que possam encontrar-se, é o que peço para que possamos alcançar uma imagem auto-definida de nós mesmas e assim, uma visão diferente da função social feminina. Nós mulheres, devemos participar na construção da realidade via a construção das mídias de comunicação. Isto não acontecerá espontaneamente ou sem resistência ou seja, devemos lutar! Se vamos continuar atrás de nossos objetivos, tais como direitos sociais igualitários, auto-determinação, uma nova consciência feminina, devemos tentar expressá-los em todas as esferas da vida. Essa luta trá consequencias a longo prazo e mudanças em todo âmbito da vida, não apenas para nós, mas para homens, crianças, família, igreja… resumindo: para o Estado. As mulheres devem fazer uso de todas as mídias como meio de luta social e de progresso social, para que libertem a cultura dos valores masculinos. Da mesma maneira ela fará isso nas artes sabendo que os homens, por milhares de anos, puderam expressar aqui suas ideias de erotismo, sexo, beleza, inclusive sua mitologia do vigor, energia e austeridade nas esculturas, pinturas, romances, filmes, peças teatrais, ilustrações, etc., e a partir daí, influenciando nossa consciência. O tempo vai chegar. E ESSE É O TEMPO CERTO Que as mulheres usem a arte como meio de expressão e que também influenciem a consciência de todos nós, deixar nossas ideias fluírem para a construção da realidade, para criarmos uma realidade humana. Até então, a arte tem sido criada em larga extensão somente por homens. Eles lidaram com os temas da vida, com os problemas da vida emocional, adicionando apenas suas próprias considerações, respostas e soluções. Agora devemos fazer nossa própria afirmação. Devemos destruir todas essas noções de amor, fé, família, maternidade, companheirismo, que não foram criados por nós, e ainda substituí-los por outros de acordo com nossas sensibilidade, com nossos desejos. Mudar as artes que os homens forçaram á nós significa destruir os aspectos femininos criados pelos homens....