PAUL SHARITS e o Cinema EXPANDIDO
Paul Sharits nasceu em 8 de Julho 1943 e morreu em 8 de Julho 1993. Paul Sharits é sobretudo conhecido como cineasta. Contudo, a sua prática não se limitou ao campo cinematográfico. A pintura, o desenho, a escultura e as performances têm uma forte presença, freqüentemente ignorada e no entanto essencial, se queremos compreender a amplitude e singularidade de seu trabalho artístico. Os seus trabalhos cinematográficos e pictóricos organizam-se segundo dois eixos: um formal, próximo do musical, participa do mundo da abstração, enquanto o outro estende-se ao campo psicológico e afetivo da figuração. Após estudar pintura na universidade de Denver, passa a dedicar-se ao cinema. O seu trabalho em cinema interroga a capacidade do suporte de produzir trabalhos que sejam anti-ilusionistas a partir dos elementos do dispositivo, ou seja: a fita e os fotogramas da fita, tanto quanto o desfile de fotogramas e por conseguinte a projeção, nos seus filmes de múltiplas telas, ou suas instalações.. Nos anos 60, Paul Sharits vai da pintura ao filme: “Parei de pintar em meados dos anos 60, mas tornei-me cada vez mais engajado com os filmes, tentando isolar e extrair a essência dos aspectos de sua representação [1]” Como diz ele mesmo, “A cinemática significa um tratamento cinemático de temas não-fílmicos; eu busquei interrogar os materiais e os processos do meu meio, de acordo com modalidades básicas como tema, e de acordo com princípios globais adequados.» Realiza então o filme que virá a ser, depois, Ray Gun Vírus, e que lhe tomará três anos. É nesse mesmo momento que encontra uma maneira original de escrever, desenhar as “partituras” de seus filmes e os desenhos modulares sobre papel quadriculado. Este sistema de notações sera liberado desta fonte, e fará com que retorne à pintura abstrata, inicialmente, e depois à pintura figurativa, a partir do fim dos anos 70. Fiz pintura abstrata e, ao mesmo tempo, filmes ‘normais’, com pessoas em paisagens. Era como uma dicotomia. Depois, parei de pintar e me interessei principalmente pelas artes que se relacionam com o tempo, assim como pela tipografia, ou seja, tudo o que tivesse a aspecto seqüencial; talvez por eu ter estudado música e amar música ou por gostar muito de cinema. Em determinado momento, comecei a desenvolver os elementos figurativos. O primeiro filme que realizei neste estilo, Ray Gun Virus, tinha em sua concepção inicial uma introdução figurativa, que acabei por eliminar. Eu passava por um estado de grande tensão emocional, talvez porque tivesse terminado a universidade e começasse uma nova etapa de vida, querendo eliminar de minha obra tudo o que fosse estranho a meus interesses. Já começara a experimentar, em breves estudos, as...
o expanded cinema de VALIE EXPORT
A posição de Valie EXPORT em relação ao cinema experimental e às artes plásticas é singular. Desde o início, ela escolheu trabalhar com cinema, mas não com qualquer tipo de cinema. Um cinema que ela chama de Expanded Cinema (cinema expandido). Conservaremos o nome inglês, pois se trata aí de uma compreensão do cinema, mais próxima da dos artistas plásticos dos anos 90; e radicalmente diferente da do cinema expandido dos cineastas experimentais do fim dos anos 60 e 70. Diferentemente da produção americana, dominada desde o fim dos anos 60 pelo cinema estrutural, mas também diferentemente da escola materialista europeia, encarnada pelo cinema britânico e alemão do início dos anos 70, Valie EXPORT privilegia mais o conteúdo do que a forma. Ela não tem uma dinâmica essencialista em relação ao cinema. Como ela mesma lembra, em uma entrevista de 1995: “Nunca fui ligada a uma interrogação puramente formal do material fílmico, mas sempre me preocupei com o conteúdo da imagem, isso sempre foi importante para mim” (1) Valie EXPORT conhece os trabalhos de Peter Kubelka, e os dos acionistas vienenses, tanto os filmes de Otto Mülh, de Gunther Brus quanto os realizados por Kurt Kren. Peter Kubelka interroga o cinema a partir de seu próprio material. Trata-se de um cinema formal, um cinema materialista que manifesta o suporte a partir de seu funcionamento segundo seus elementos constituintes. Ele trabalha por redução visando ao universalismo, prefigura o cinema estrutural em alguns anos. Define esse cinema como métrico. Essa crença no universalismo será invalidada por Valie EXPORT e pela maioria das artistas mulheres dos anos 60. A matéria-prima dos acionistas é o corpo em todas as suas expressões. Trata-se de uma insubordinação caracterizada que visa perturbar uma sociedade voltada para si mesma, fechada em um conservadorismo pós-fascista. Essas ações usavam e abusavam dos corpos. Utilizavam a mulher, a representavam, apesar de seu radicalismo reivindicado, como qualquer outro grupo, ou seja, ela era um objeto cujo único crédito era o de ser um dos elementos da performance, triturado pela instância dominante: o homem. Vemos como a prática de Valie EXPORT se singulariza em relação àqueles artistas. “Critico o papel das mulheres nas ações materiais realizadas por artistas masculinos (Como feminista, não me interesso pelos papéis dos homens).” Em suas performances, a ação “visa obter a união do ator e do material, da percepção e da ação, do sujeito e do objeto, o acionismo feminista procura transformar o objeto da história natural do homem, o material ‘mulher’, subjugado e mantido na escravidão pelo criador masculino, numa atriz e criadora independentes, ela é sujeito de sua própria história. Pois, sem a capacidade de...
Paul Sharits
15 de março de 2013 – 20 de abril de 2013 Paul Jeffrey Sharits (February 7, 1943, Denver, Colorado—July 8, 1993, Buffalo, New York) was a visual artist, best known for his work in experimental, or avant-garde filmmaking, particularly what became known as the structural film movement, along with other artists such as Tony Conrad, Hollis Frampton, and Michael Snow. Paul Sharits’ film work primarily focused on installations incorporating endless film loops, multiple projectors, and experimental soundtracks (prominently used in his film Shutter Interface, produced in 1975) recently shown at Greene Naftali Gallery in New York City (Feb 18—Apr 11, 2009).[citation needed] Sharits was born in Denver, Colorado, Colorado, and earned a B.F.A. in painting at the University of Denver’s School of Art where he was a protégé of Stan Brakhage. He also attended Indiana University in Bloomington, Indiana where he received an M.F.A. in Visual Design. In July 1960, he married Frances Trujillo Niekerk, and in 1965 they had a son, Christopher. They divorced in 1970. He was subsequently a teacher at the Maryland Institute College of Art, Antioch College, and SUNY Buffalo (where he was hired by Gerald O’Grady along with Tony Conrad and Hollis Frampton). Sharits’ works of the 1960’s, when he received the widest acclaim, included influential “flicker” films such as Ray Gun Virus, Piece Mandala/End War, N:O:T:H:I:N:G, T,O,U,C,H,I,N,G (featuring poet David Franks), and S:TREAM:S:S:ECTION:S:ECTION:S:S:ECTIONED. His works of the 70s were among the forerunners of contemporary installation art. Themes of violence permeate his work. His work is distributed by The Film-Makers’ Cooperative and Canyon Cinema. Son Christopher Sharits suggests on the memorial website that Sharits suffered from bipolar disorder.[1]...
SOBRE B³ — SOBRE O SITE
Ver mapa maior B³ tem a ver com a difusão por instrumentos e plataformas abertas para todas as formas de práticas digitais associadas com outros meios artísticos com transmissão em fluxo. Experimentações de artistas ou grupos e coletivos que se caracterizem pelo uso de sistemas de informação em meios eletrônicos e digitais. Os processos desenvolvidos pelo computador estão no centro de uma transformação dos nossos modos de pensar e de agir. E a criação contemporânea participa, acompanha e antecipa às vezes estas transformações. BCUBICO inscreve-se nesta transmissão. Situada no Recife, é uma agencia de conexão que torna acessíveis ao Nordeste do Brasil obras, caminhos, processos e agenciamentos contemporâneos que vão do cinematográfico ao virtual. O fluxo das imagens nos permite mostrar propostas raramente vistas na região. B³ é um lugar de aprendizagem e consulta de documentos, filmes e obras numéricas, promovendo leituras, cursos, oficinas e debates para diferentes públicos. B³ apoiará projetos de criação de obras de arte interativas ou transmidiáticas, web-art, Net- arte, Ciberarte, Bioarte, Gamearte, Arte Viral, TV web, Mídias Móveis e Intervenções Urbanas com mídias digitais, performances de cinema ao vivo, Dança & Tecnologia, Realidade Virtual, Arte Gambiarra, Tecnologias Imersivas, Música eletroacústica, Ações de Midiativismo, Performances Híbridas com meios digitais e outras linguagens artísticas. O Espaço e o Site do B³ receberam incentivo do Funcultura, edição 2012. ...
WOMAN’S ART: A MANIFESTO
A POSIÇÃO DA ARTE NO MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO FEMININA É A POSIÇÃO DAS MULHERES NO MOVIMENTO ARTÍSTICO A HISTÓRIA DA MULHER É A HISTÓRIA DO HOMEM Por homens terem definido a imagem para ambos sexos, criaram e controlaram as mídias sociais e de comunicação, como ciência e arte, palavra e imagem, moda e arquitetura, transporte social e divisão do trabalho. Os homens têm projetado sua imagem de mulher nessas mídias , e de acordo com esse padrão médio dão forma à mulher. Se a realidade é uma construção social e os homens seus engenheiros, estamos lidando com a realidade masculina. As mulheres ainda não chegaram à si por que não tiveram a chance de expressar-se, uma vez que não tiveram acesso à mídia. Deixar as mulheres falarem para que possam encontrar-se, é o que peço para que possamos alcançar uma imagem auto-definida de nós mesmas e assim, uma visão diferente da função social feminina. Nós mulheres, devemos participar na construção da realidade via a construção das mídias de comunicação. Isto não acontecerá espontaneamente ou sem resistência ou seja, devemos lutar! Se vamos continuar atrás de nossos objetivos, tais como direitos sociais igualitários, auto-determinação, uma nova consciência feminina, devemos tentar expressá-los em todas as esferas da vida. Essa luta trá consequencias a longo prazo e mudanças em todo âmbito da vida, não apenas para nós, mas para homens, crianças, família, igreja… resumindo: para o Estado. As mulheres devem fazer uso de todas as mídias como meio de luta social e de progresso social, para que libertem a cultura dos valores masculinos. Da mesma maneira ela fará isso nas artes sabendo que os homens, por milhares de anos, puderam expressar aqui suas ideias de erotismo, sexo, beleza, inclusive sua mitologia do vigor, energia e austeridade nas esculturas, pinturas, romances, filmes, peças teatrais, ilustrações, etc., e a partir daí, influenciando nossa consciência. O tempo vai chegar. E ESSE É O TEMPO CERTO Que as mulheres usem a arte como meio de expressão e que também influenciem a consciência de todos nós, deixar nossas ideias fluírem para a construção da realidade, para criarmos uma realidade humana. Até então, a arte tem sido criada em larga extensão somente por homens. Eles lidaram com os temas da vida, com os problemas da vida emocional, adicionando apenas suas próprias considerações, respostas e soluções. Agora devemos fazer nossa própria afirmação. Devemos destruir todas essas noções de amor, fé, família, maternidade, companheirismo, que não foram criados por nós, e ainda substituí-los por outros de acordo com nossas sensibilidade, com nossos desejos. Mudar as artes que os homens forçaram á nós significa destruir os aspectos femininos criados pelos homens....