Imitations of Life, M. Hoolboom + Nostalgia, H. Frampton

Cineclube Imagem-pensamento #2 // 15 de outubro


Mike Hoolboom, é um cineasta canadense nascido em 1959, realizou mais de 40 filmes até hoje. Ele é uma ativista, curador e critico de cinema experimental e video-arte. Publicou mais de 10 livros sobre o cinema e o video, monografias de artistas canadenses e um livro de ficção: The Steve Machine (2008).

Imitations of Life,  2003, cor/ p&b, som, 21′

legenda em português

 mike hoolboom Imitations of Life. jpg

Imitations of Life é um filme em 10 partes, a parte mais longa tem o mesmo título: Imitations of Life.

Um reprocessamento extraordinário da história das imagens em movimento: dos filmes de ficção de Hollywood aos cinejornais, do documentário aos trabalhos científicos. Trata-se de um comentário situacionista, através da forma divertida e iconoclasta como desvia as obras em causa e, ao mesmo tempo, de uma tentativa hercúlea para fazer emergir uma outra história a partir deste magma de imagens. Imitations of Life filtra a infância através da história da reprodução, selecionando imagens que vão dos filmes dos irmãos Lumière até à atualidade, com o objetivo de encontrar o futuro no nosso passado. Aqui vemos crianças de filmes enquanto imagens, aquelas que nos sobreviverão, a quem é conferido o legado do enquadramento e da imagem que ajudaram a dar forma às suas vidas, e a sua capacidade para chorar a morte daqueles que já não estão presentes para as compartilhar.

Mike Hoolboom é um inventor de formas; visualmente, plasticamente, ele cria um novo imaginário. Se os seus planos são geralmente curtos, leia-se muito curtos, é na montagem que se desenvolve o seu sentido. O cineasta é mestre na montagem à qual dedica tempo considerável. Ele persevera na busca de uma temporalidade feita de grandes fôlegos que prolonguem o curto alento de tantas imagens. No próprio seio do seu cinema, Mike Hoolboom joga com a questão da memória, da reflexão e da meditação, que resultam do domínio dos ritmos, da respiração controlada. Mas a composição dos seus filmes deve muito à extraordinária riqueza das suas bandas sonoras, à beleza das vozes: a dimensão áudio do seu trabalho é apaixonante na forma como aborda a fronteira entre o consciente e o inconsciente, entre a vigília e o sonho. Entre os medos arcaicos e os pensamentos saudáveis. 

A obra de Mike Hoolboom é uma metáfora do universo do cinema no qual evoluímos como sonâmbulos assustados em direção aos raios de luz. Indispensáveis, eles fertilizam a memória para reverter o processo de esquecimento definitivo dos seres e das coisas. É uma inquietação existencial, uma lucidez maliciosa também, que confere ao trabalho de Hoolboom uma beleza comovente.” Jean Perret Director Visions du Réel

Nostalgia, 1971, p&b, 36′

legenda em português

“Frampton, nome central no pensamento sobre o cinema no séc. XX, recorre em Nostalgia a autobiografia para propor uma reflexão sobre as imagens e a temporalidade, assim como as relações entre a palavra escrita e a imagem, e a montagem de imagem e som no cinema. Ricardo Mattos

Nostalgia começa com o irônico olhar sobre um passado pessoal para criar seu próprio tempo fílmico; um passado e um futuro gerados pela espera, atualizada por uma estratégia de base disjuntiva.” Annette Michelson

Hollis Frampton nasceu em Wooster, Ohio em 1936 e morreu em Buffalo NY em 1984. Dedicou-se aos estudos de literatura, as artes plásticas e a fotografia, antes de ingressar na área do cinema. Foi o cineasta experimental mais teórico de sua geração, debruçando-se sobre a revisão da história do cinema e manifestando grande interesse pela obra pré-cinematográfica de Muybridge e Marey, bem como pelos textos de Eisenstein. Afirmou-se como cineasta com uma série de curtas experimentais, em que desenvolveu « a lógica estrutural da fita fílmica ». Seus filmes mais famosos, Zorns Lemma e Nostalgia resumem os processos estéticos efetuados na passagem da linguagem à imagem e da imagem estática ao movimento.

Quais são os axiomas irredutíveis da linha de pensamento denominamos na arte do filme? Em outras palavras que padrões estáveis de energia limitam as ‘formas’ geradas, em espaço e tempo, por todos os celulóides que já deslizaram pela janela do projetor? O rigor exige que só admitamos características ‘totalmente redundantes’, encontráveis em ‘todos’ os filmes.

Duas condições tão inevitáveis da arte do filme vêm imediatamente à cabeça. A primeira é o limite visível da imagem projetada em si – o quadro- a forma que ela tomou, mediante a acumulação de ilusões que transpiraram dentro de sua fronteira retangular, a força de uma metáfora para a consciência em si. O quadro – sem dimensão, como uma figura nos ‘elementos’ de Euclides -, recorta o que é apresentado para contemplação a partir do que está absolutamente em outro lugar.

A segunda condição inevitável da arte do filme é a plausibilidade da ilusão fotográfica. Não me refiro ao que é chamado de ‘representação’, já que a impressão fotográfica prova ser, quando examinada, extrema abstração a partir de seu pretexto, mapeando arbitrariamente valores de amplo espectro sensorial em uma superfície nominal. Quero dizer apenas que a mente, por meio de um tipo de reflexo automático, invariavelmente triangula uma precisa “distância” entre a imagem que vê projetada e uma ‘norma’ mantida na imaginação. (Esse processo depende de peculiar pressuposição ontogenética para imagens fotográficas, dado que toda fotografia implica um fenômeno ‘real’ concreto (e ‘vice versa’!); já que é instantânea e não exige esforço, ele tem quer ser ‘aprendida’). A pentagram for conjuring the narrative. HF

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Cineclube Imagem-Pensamento

Contemplado pelo 7º Edital do Audiovisual de Pernambuco – Funcultura 2013-2014, constitui-se de 10 programas, com sessões semanais de 2h30′

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A diversidade de pensamento com o cinema. Assim, o texto como imagem, as relações entre imagem e som, encontram-se ao lado de filmes pessoais com uma dimensão autobiográfica. Temas como os da sociedade de consumo contemporânea, da propaganda, da representação da mulher e do neocolonialismo motivam algumas sessões. Enquanto outras, mostram o cinema em situação onde o filme e o vídeo afirmam suas diferenças, através do filme como escultura. A questão do suporte situando o filme e o vídeo em diferente lugares, que vão da sala de cinema até a galeria, será também abordada nas sessões cineclubistas. Os filmes foram legendados em português e serão disponibilizados para os cineastas, e/ou distribuidores.

4as-feiras, em Bcúbico, às 19h      .      público estimado:  25 pessoas   .    entrada livre

// Programação Cineclube: Imagem Pensamento //

 

//08 out // Reminicences to a Journey to Lithuania

Jonas Mekas, 1972, 82′ (legendado em português)

 

//15 out // Imitations of Life, Mike Hoolboom, 2003, 21′  +  Nostalgia, Hollis Frampton, 1976, 36′

( filmes legendados em português)

 

// 22 out //  Programa Peter Rose

Secondary Currents, 1982, 17′ (legendado em português) + Metalogue, 1996, 3′ +Odysseus in Ithaca, 2006, 5’20 + Solaristics, 2013, 10′ + Studies in Transfalumination,  2008, 5′

 

// 29 out //  Reassemblage

Trinh Minh-ha, 1982, 40′ (legendado em português)

 

// 05 nov // De la servitude moderne / Da Servidão Moderna

Jean François Brient, 2013, 52′ (legendado em português)

 

//26 nov // Pink Narcissus, James Bidgood, 1971, 65′

 

// 03 dez // Line Describing a Cone, Anthony Mc Call,  1972, 30′ +  Conical Intersect, Gordon Matta Clark, 1975, 18’40

 

// 10 dez // The Deadman

Peggy Ahwesh & Keith Sanborn, 1989, 36′ (legendado em português )

 

// 17 dez // Nikita Kino

Vivian Ostrovsky, 2002, 41′ (legendado em português)

 

//  07 jan 2015  // Curtas de Jonas Mekas

 

Programação de yann beauvais, cineasta e curador de mostras de filmes e vídeos desde 1982, com assessoria do designer de filmes Ж, designer de filmes formado em direção de fotografia e pós-graduado em artes visuais pelo IUNA (Argentina).

– Programação apresentada Ж

Author: Edson Yann

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