Empire´s Borders II Western Enterprises, Inc. / legendas
Legendas filme de Chen Chieh-jen 2010 cor som 70′ Durante o período da guerra fria dos anos 50 que coincidiu com as inúmeras hostilidades da Guerra Civil Chinesa, a CIA estabeleceu a operação Western Enterprises em Taiwan. Em cooperação com o Governo Nacionalista sediado em Taiwan, a Western Enterprises treinou o anticomunista Exército da Salvação Nacional (NSA) para um ataque surpresa na China Continental. Meu pai era membro da NSA. Após a sua morte, meu pai deixou alguns itens: uma autobiografia, uma lista de soldados da NSA que foram mortos no mar durante a ofensiva na China, um álbum de fotografias vazio, um velho uniforme de guerra. Meu irmão mais velho me contou que meu pai havia dito que os soldados que perderam suas vidas eram filhos de pessoas pobres assim como o meu pai. Naquele tempo, ser um soldado era a única opção, eles sequer recebiam um salário… Meu irmão também me contou que meu pai tinha dito que a sua autobiografia era falsa. Era apenas para mostrar às autoridades. Meu pai também queimou as fotografias que estavam no álbum. Quando eu era criança Eu espiava aquele álbum. Lembro-me de ter visto muitas fotografias do meu pai com outros membros da NSA sendo treinados pela Western Enterprises. Não tenho certeza se meu pai sabia que na época dos ataques da NSA na China, havia uma repressão brutal às facções esquerdistas em Taiwan… Meu pai quase nunca nos contava por onde andava, ou o que estava fazendo. Ele nunca nos contou o que era a Western Enterprises. 11:05 << Em construção >> 11:42 << Western Enterprises, Inc. >> 15:03 << World Today >> Revista 15:17 << Clube do Exército Americano >> Programa 19:12 << Sr. Chen, você também está aqui >> 19:33 << Gastei muito tempo para voltar. Meus companheiros soldados ainda estão longe ao mar esperando por mim para encontrar os arquivos 20:11 Sem os arquivos sem nossos documentos não podemos ir a lugar algum. 20:33 Procurei em todos os lugares do edifício mas não pude encontrá-los. 21:02 Sr. Chen você voltou por causa dos arquivos? 30:14 Naquele dia 30:26 alguns soldados atacaram o nosso sindicato. 31:08 Desde então, nós não saímos daqui. 31:36 No início podíamos escutar vozes vindo de outras salas. Às vezes 32:20 secretamente discutíamos quem mais 32:44 ainda estaria 32:55 no edifício 33:06 com as pessoas das salas vizinhas. 34:20 Por que você não vai? Estou muito cansado. Estou acostumado com a escuridão. ...
The Route / A Rota – Chen Chieh-jen / legendas
Legendas do filme de 2006, 17′ Manchetes de jornal Avisos de demissão são entregues através de um táxi na algazarra do porto 400 estivadores demitidos Este filme é inspirado na greve dos estivadores de Liverpool de 1995. Durante o regime de Margaret Thatcher nos anos 80 todos os portos britânicos foram privatizados. Empresas privadas começaram a empregar trabalhadores não sindicalizados para substituir os trabalhadores sindicalizados. Em setembro de 1995, a empresa The Mersey Docks and Harbour Company inesperadamente demitiu 20 estivadores do porto de Liverpool. Em resposta às demissões, outros 400 estivadores iniciaram uma greve. Esse fato desencadeou um movimento de resistência à privatização dos portos por estivadores de todo o mundo. Em setembro de 1997, após dois anos de greve, trabalhadores que furaram a greve em Liverpool carregavam um navio chamado Neptune Jade cujo destino era o porto de Oakland, na Baía de São Francisco, Estados Unidos. Depois que o sindicato dos trabalhadores portuários, o ILWU (International Longshore and Whare House Union) transmitiu a notícia da chegada do Neptune Jade, os estivadores de Oakland, em solidariedade aos grevistas de Liverpool, montaram um piquete por conta própria e se recusaram a cruzar a linha do piquete para descarregar o navio. Em seguida, estivadores dos portos de Vancouver no Canadá e Yokohama e Kobe no Japão montaram piquetes para apoiar os trabalhadores portuários de Liverpool. O fracasso de não conseguir descarregar o navio de porto em porto ao redor do mundo fez com que o Neptune Jade finalmente navegasse de Kobe até o porto de Kaohsiung em Taiwan às 12:30, outubro de 1997. Em declaração formal, o navio e sua carga foram leiloados no Porto de Kaohsiung. Os estivadores do porto de Kaohsiung nunca tiveram notícias sobre o incidente com o Neptune Jade. Nem tampouco tiveram contato com organizações como a ILWU. No mesmo ano do incidente com o Neptune Jade, o sindicato dos estivadores do porto de Kaohsiung, revoltados com a privatização do trabalho braçal, organizou a resistência contra as autoridades. Devido à falta de conexões com organizações internacionais e a complexidade dos fatores econômicos e políticos locais, o sindicato dos estivadores do porto de Kaohsiung não pôde modificar a política de privatização. Em seguida, os trabalhadores portuários de Kaohsiung foram forçados a aceitar a realidade, a nova administração iria contratar trabalhadores temporários. No início de agosto de 2006, depois de tomarem conhecimento sobre o incidente com o Neptune Jade, o sindicato dos estivadores do porto de Kaohsiung concordou em participar de um <<filme>>, montando simbolicamente uma linha de piquete no porto. Apesar da história não poder ser reescrita, esses trabalhadores...
Entrevista Anthony McCall / yann beauvais
yann beauvais: Em alguns de seus primeiros filmes como os produzidos depois Line Describing a Cone (1973), Conical Solid (1974) (não me recordo se foi o caso de Partial Cone, 1974), o ritmo era diferente; mais rápido, utilizando alguns efeitos oscilantes. A rotação cruzada e fechada era como a projeção da cruz de Malta do projetor. Você não ficou satisfeito com o tipo de espaço, configurações das linhas que essas velocidades estavam transmitindo? Anthony McCall: A forma em Line Describing a Cone é definida por uma membrana de luz que gradualmente traça a superfície exterior da forma cônica; Conical Solid (1974 – 10 minutos), feito um ano depois tentou descrever a mesma forma, mas de dentro. Isso se torna claro se lembrarmos do movimento final, o mais lento do filme. Uma única lâmina de luz plana e triangular leva cinco segundos para girar em torno do seu próprio eixo (o eixo flui das lentes do projetor até a parede). Durante aquela rotação a lâmina entra dentro de todo espaço interno de um cone volumétrico e imaginário. Se a lâmina de luz tivesse deixado um rastro atrás de si mesma ao girar, depois de cinco segundos nós teríamos criado em um espaço tridimensional um cone compacto de luz branca – não apenas nas superfícies exteriores, mas na forma inteira. Por isso o título Conical Solid. Claro que este cone não está presente em todos os instantes, apenas como um incremento e no plano mental. E a idéia que descrevi atinge um exercício completo por que o filme é composto por oito seqüências. Cada parte gira em velocidades diferentes, começando mais rápido e terminando lentamente. Para obter a ilusão de uma rotação suave precisamos de no mínimo 36 quadros (um segundo e meio). Mas eu começo com uma velocidade de rotação que é tão rápida que temos apenas quatro quadros para defini-la. Percebemos isso devido ao rápido movimento pulsante que você se refere. Gradualmente, a velocidade da rotação diminui e uma única forma se torna legível, mas isso só acontece nos últimos dois ou três movimentos. Dessa forma, o filme é produzido a partir do choque entre a idéia de um plano de rotação e as limitações dos vinte e quatro quadros por segundo da seqüência do filme. O uso da cruz em Conical Solid reapareceu mais tarde em trabalhos utilizando configurações de linhas duplas, ou multiprojeções assim como em Doubling Back (2003) e Between You and I (2006); esses trabalhos são uma extensão de Long Film for Four Projectors e Four Projected Movements (1974)? Apesar desses trabalhos, um mais recente que o outro, serem baseados em membranas...
VALIE EXPORT : I Turn My Pictures of My Voice in My Head / legendas
I Turn My Pictures of My Voice in My Head, 2009 12′ cor, som A voz desliza de mim, me deixa, distancia-se de mim. Segue o próprio caminho. Me trai, torna-se traidora, eu amo e odeio isso. Fico sem palavras quando a perco, está perdida, é luxuria quando a ouço. Aproximo-me da minha voz, mas ela se afasta de mim. Investigação, percepção, estruturas do discurso. Ouço minha voz, reconheço-a, é entendimento, é efêmera. O caminho da minha voz desaparece nos eventos do futuro, desaparece nos traços de pensamento de percepções silenciosas, quando falo, ajo. Posso libertar a tarefa vocal das ações? Posso libertar a voz das palavras, dos sons, dos movimentos da respiração? Posso libertar a voz da sua melodia, posso tocá-la como um instrumento musical? É meu evento, me excita. Excito minha voz, a voz é excitação, é prazer, é construída com fragmentos, sua arquitetura é vertical, horizontal, em diagonais e espirais, oscila entre cultura, mitologias da civilização, lasca nas costuras, nas ranhuras dos excessos. Mal falei um som e ele já desapareceu. Deixa seu traço na percepção da minha voz pelos “outros”. A voz é um instrumento e toca sua melodia. Poder e impotência são composições da voz. Minha voz é o traço tanto do meu corpo individual quanto do meu corpo social, ela costura as partes, costura os padrões da minha efêmera identidade, mas não é propriamente minha, fala por si só. Minha voz é entidade com desejos, receptiva à todas expressões de desejo; carrega em si um amor narcisista. É “receptivo à todas expressões de desejo: à atenção e desejo, à disputa e respeito.” (citação de Lucien Israel). Aguardo o retorno da minha voz, quando volta, no momento dos gestos, como eco da pele espelhada, como fragmentos de saudade, como liberdade das compulsões. Não tenho que entender o retorno da minha voz, mas ela é indispensável para mim. O retorno da minha voz é prazeroso e também doloroso, é um aproveitamento, é único. “Dia após dia devo trilhar meu caminho em uma floresta de vozes, devo usar todas bússolas e facas disponíveis para não ficar preso nela. Há vezes das outras pessoas, dos animais, as vozes dos aparatos da civilização, as vozes das músicas, das cidades, as vozes dos altos e baixos, da guerra, da mídia e no centro de tudo isso está minha voz, minha voz-propriedade. Todas essas vozes sussurram, choramingam, gritam, persuadem, entretêm, seduzem, comandam, apelam, rezam, terrorizam, anunciam, atacam. Cada uma dessas vozes consegue superar infinitamente seu significado. todas estas vozes são elevadas a múltiplos sons e barulhos de uma floresta ainda maior e mais selvagem: os sons da natureza e...
Tempo/Espaço Real
Tempo/Espaço Real Artigo “Real Time/Space“, de Malcolm Le Grice. Do meu trabalho filmográfico, desde 1966, eu venho desenvolvendo gradualmente idéias que me guiaram mais e mais para a consideração do filme em relação com espaço/tempo “reais”. O termo “tempo-real”, no campo dos computadores, tem crescido, mas tem significações e implicações bem maiores das que são usadas neste âmbito. Em termos de computadores, uma operação em “tempo real” acontece enquanto os resultados estão sendo calculados e expostos, ao contrários dos que los resultados são armazenados para uma consulta posterior “off line”. “Tempo-real” é agora. “Tempo/espaço real” é aqui e agora. Apesar de parecer simples, está longe de ser óbvio como uma noção geral pode ser aplicada ao filme. Primeiramente: toda história do cinema comercial tem sido dominada pela ânsia de criar um ilusório tempo/espaço convincente e eliminar todos os traços físicos reais, de todos estágios do filme, desde o roteiro, pela filmagem, edição, trabalho tipográfico, promoção, até a projeção. No entando, largamente, no desenvolvimento do cinema underground, é possível ver uma crescente preocupação com o problema da “atualidade”, “realidade” em vários estágios da produção e apresentação do filme. Gostaria de apresentar um esquema diagramático para aplicar a noção de tempo/espaço real nos processos ou eventos filmográficos: Do ponto de vista do público ❘ Eventos preparatórios ❘ TEMPO/ESPAÇO REAL ❘ Gravação (câmera) ❘ RETROSPECTIVA ❘ Edição ❘ ❘ Printing ❘ ...
«It’s all the same you, you’re queer anyhow!» OS FILMES DE MARK MORRISROE
«It’s all the same you, you’re queer anyhow!» OS FILMES DE MARK MORRISROE O TEMPO DAS IMAGENS #5 Os filmes de Mark Morrisroe Minha vida Infância + Judy Garland Escola + impopularidade Vizinhança prejudicial Mudança traumatizante Puberdade + revista de putaria Sair de casa Prostituição + celebridade Levado um tiro Trauma do lar Libertação pela escola de arte Garçom Maturidade Prostituição provocadora E promiscuidade Amor É tão bom Sucesso França Trabalho na restauração Drogas + depressão Nova Iorque Mais depressão AIDS Alguém se incomodaria se eu me travestisse?[1] O trabalho fotográfico de Mark Morrisroe, exemplar em mais de um aspecto, divide com seus contemporâneos dos anos 80 uma dimensão poética particular, através das marcas coloridas das anotações esboçadas nas margens das fotografias, que lembram os graffiti murais, bem como as palavras pintadas de Jean-Michel Basquiat, Futura 2000, sem chegar em Cy Twombly, se bem que… Essas inscrições desajeitadas afirmam uma subjetividade, assim como elas se colocam ao oposto da imagem civilizada da fotografia. São comentários que me lembram a presença da voz nos diários filmados de Jonas Merkas ou à irrupção da caixa de papelão interrompendo o fluxo de uma sequência, apontando outros universos, outros tempos. Na riqueza dos tratamentos da imagem em Mark Morrisroe, acha-se uma proximidade com a atitude adotada por vários cineastas experimentais, que se opuseram e defenderam uma estética da matéria, trabalhando, triturando os diferentes estratos do suporte argêntico; suporte cujo futuro iminente era pensado como ultrapassado, obsoleto. O recurso a esse “materialismo” se generalizou no início dos anos 80 na Europa e nos Estados Unidos, principalmente em Boston, em torno das figuras de Saul Levine e Carolyne Avery. Essas marcas manifestam uma apropriação suplementar, elas inscrevem-se, sobretudo no campo da fotografia; uma revisão do uso da fotografia que, se distanciando do seu aspecto puramente mecânico, reafirma através de tais rastros uma dimensão artesanal, manual da fotografia, e reivindica por ela mesma, seu aspecto pictorialista[2], fazendo-a cair no campo do desenho. Uma dimensão que se inscreve em conflito, com o tornar-se máquina celebrado por Warhol alguns anos mais cedo. Essa grafia é tão mais pertinente na medida em que ela estratifica o âmbito pessoal das fotografias de Mark Morrisroe, fornecendo outras temporalidades e se abrindo a outros espaços afetivos. Mark Morrisroe desenvolve, como os outros membros da escola de Boston, uma perspectiva autobiográfica em suas fotos como nunca foi feito até então. A fotografia como arte menor (aquela que não tem realmente o estatuto de arte), quer dizer a do nosso cotidiano, torna-se o tema predileto de cada membro da escola de Boston. Não é tanto o entorno de relações que é retratado, mas a...