Reassemblage
Oct27

Reassemblage

Cineclube Imagem-pensamento #4 // 29 outubro   Reassemblage, 1982, cor, 40′ A partir de um filme supostamente etnográfico sobre tribos do Senegal, Trinh T. Minh-ha nos dá um filme que comenta sobre o cinema etnográfico e o perigo de categorizar outros povos. Logo no início do filme vemos cenas típicas de um filme etnográfico: um homem construindo um cesto de palha, mulheres carregando utensílios na cabeça etc. A narração de Mihn-ha, no entanto, escapa qualquer tentativa de nos dizer o que estamos vendo ou de tentar explicar aquele povo. A diretora nos diz: Menos de vinte anos foram suficientes… para fazerem dois bilhões de pessoas se definirem como sub-desenvolvidas. Ela esclarece Eu não pretendo falar sobre. Apenas falar ao lado. Em suma é um filme sobre etnologia, e não de etnologia. Como ela mesmo pergunta ao espectador em um momento de seu filme, O que podemos esperar da etnologia? Reassemblage, propõe uma montagem disjuntiva, que desafia o modelo tradicional de documentário, opondo-se a uma abordagem autoritária em sua forma e conteúdo.   Trinh T. Minh-ha Cineasta, poeta, compositora e escritora, com formação em etnomusicologia e literatura francesa. É também professora no Departamento de Retórica da Universidade de Berkeley, sendo conhecida por suas teorias na área de estudos feministas e pós-coloniais. “Reassemblage” é o mais conhecido filme da antropóloga e cineasta vietnamita Trihn T. Mihn-ha. Reassemblage, recebeu o prêmio nacional Maya Deren de realizador independente, do American Film Institute e uma bolsa da Fundação Guggenheim. Tanto em seus livros quanto em seus filmes, um dos temas principais de Minh-ha tem sido a discussão sobre a própria (im)possibilidade de realização da antropologia, do conhecimento do Outro. Neste caso Mihn-ha realiza isso de forma cinematográfica. Seus 6 filmes já foram objeto de 27 retrospectivas pelo mundo. Neles, pode-se dizer, está refletida sua visão de que “não há um, mas muitos centros – e todas as relações de dominação e subordinação (colonizador/colonizado, homem/mulher, diretor/tema), para citar algumas relações, devem ser questionadas”. De fato, bárbaro/estrangeiro/outro pode ser qualquer um – a periferia depende de onde se estabelece o centro, no qual exclusão e inclusão são conceitos relacionais. Neste âmbito, o movimento feminista tem contribuído para quebrar a dicotomia entre público e privado, e defende seus filmes como políticos não porque tratam de grandes autoridades políticas, mas trata, politicamente, das interações e deslocamentos cotidianos.     Cineclube Imagem-Pensamento Contemplado pelo 7º Edital do Audiovisual de Pernambuco – Funcultura 2013-2014,constitui-se de 10 programas, com sessões semanais de 2h30′ Click here to learn more A diversidade de pensamento com o cinema. Assim, o texto como imagem, as relações entre imagem e som, encontram-se ao lado de filmes pessoais...

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Programa Peter Rose
Oct20

Programa Peter Rose

Cineclube Imagem-pensamento #3 // 22 outubro   Secondary Currents, 1982, 17′ (legendado em português)  Metalogue, 1996, 3′  Odysseus in Ithaca, 2006, 5’20  Solaristics, 2013, 10′  Studies in Transfalumination,  2008, 5′                     Desde 1968 Peter Rose fez mais de trinta filmes, fitas, performances e instalações. Muitos dos primeiros trabalhos levantam questões intrigantes sobre a natureza do tempo, espaço, luz, e a percepção e desenhar sobre o passado de Rose em matemática e sobre a influência de cineastas estruturalistas. Em seguida, ele se interessou em linguagem como um assunto e em vídeo como um meio e gerou um corpo substancial de trabalho que desempenhou com a sensação e a forma de sentido, textos concretos, sátira política, o desempenho das aves raras, e uma espécie de comédia intelectual. Instalações de vídeo recentes envolveram um retorno à análise da paisagem, tempo e visão. Rose tem sido amplamente expostos, tanto a nível nacional como internacional, tendo sido incluído na mostra no Museu de Arte Moderna, a Bienal do Whitney, o Centro Pompidou, o Museu de Arte de Filadélfia, a Sociedade de Cinema do Lincoln Center, e o Rotterdam International Film Festival . Como ele escreveu: Alguns de nós trabalhamos em uma relação próxima com os nossos públicos-alvo, falando linguagens familiares para que os arquétipos de nossa cultura pode ser reconhecido; e alguns elaborar uma interioridade auto-criação a partir do qual, se tivermos sorte, vamos trazer de volta a forma de um alfabeto recém-imaginado de sentimento. Encontro-me oscilar entre essas duas agendas e encontrar a dialética um produtivo, um reflexo da natureza complexa e contraditória do nosso tempo.   Secondary Currents, 1982, 17′ (legendado em português)Secondary Curents é um filme sobre as relações entre a mente e a linguagem . Guiado por um narrador improvável que fala uma variedade imensa de nonsense, é um filme « sem imagem », no qual as relações entre a mudança do comentário « voice-over » e a narração legendado constituem um dueto de voz peculiar, pensamento, som e fala. Uma espécie de ópera cômica, o filme é uma metáfora escura para a ordem e entropia da linguagem e tem sido objeto de uma serie de artigos sobre o uso da linguagem nas artes. Percussão de Jim Menesss. « Prizbath ke não Panz fatundo. Elmo cheshkadshi par lo lio biorn fatooshka ! Como cinquema não delamyero sima DIS, si cuja filidistro cuamchano mirichi-vasi komino sano dimensia ! M’hidradane Vodohook.   Metalogue (1996) – 3min. digital video Metalogue tem sido descrita como um cruzamento entre um “discurso” e um “fogo de artifício”. Técnicas de edição digitais têm sido usados para refletir e...

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Imitations of Life, M. Hoolboom + Nostalgia, H. Frampton
Oct10

Imitations of Life, M. Hoolboom + Nostalgia, H. Frampton

Cineclube Imagem-pensamento #2 // 15 de outubro Mike Hoolboom, é um cineasta canadense nascido em 1959, realizou mais de 40 filmes até hoje. Ele é uma ativista, curador e critico de cinema experimental e video-arte. Publicou mais de 10 livros sobre o cinema e o video, monografias de artistas canadenses e um livro de ficção: The Steve Machine (2008). Imitations of Life,  2003, cor/ p&b, som, 21′ legenda em português   Imitations of Life é um filme em 10 partes, a parte mais longa tem o mesmo título: Imitations of Life. Um reprocessamento extraordinário da história das imagens em movimento: dos filmes de ficção de Hollywood aos cinejornais, do documentário aos trabalhos científicos. Trata-se de um comentário situacionista, através da forma divertida e iconoclasta como desvia as obras em causa e, ao mesmo tempo, de uma tentativa hercúlea para fazer emergir uma outra história a partir deste magma de imagens. Imitations of Life filtra a infância através da história da reprodução, selecionando imagens que vão dos filmes dos irmãos Lumière até à atualidade, com o objetivo de encontrar o futuro no nosso passado. Aqui vemos crianças de filmes enquanto imagens, aquelas que nos sobreviverão, a quem é conferido o legado do enquadramento e da imagem que ajudaram a dar forma às suas vidas, e a sua capacidade para chorar a morte daqueles que já não estão presentes para as compartilhar. “Mike Hoolboom é um inventor de formas; visualmente, plasticamente, ele cria um novo imaginário. Se os seus planos são geralmente curtos, leia-se muito curtos, é na montagem que se desenvolve o seu sentido. O cineasta é mestre na montagem à qual dedica tempo considerável. Ele persevera na busca de uma temporalidade feita de grandes fôlegos que prolonguem o curto alento de tantas imagens. No próprio seio do seu cinema, Mike Hoolboom joga com a questão da memória, da reflexão e da meditação, que resultam do domínio dos ritmos, da respiração controlada. Mas a composição dos seus filmes deve muito à extraordinária riqueza das suas bandas sonoras, à beleza das vozes: a dimensão áudio do seu trabalho é apaixonante na forma como aborda a fronteira entre o consciente e o inconsciente, entre a vigília e o sonho. Entre os medos arcaicos e os pensamentos saudáveis.  A obra de Mike Hoolboom é uma metáfora do universo do cinema no qual evoluímos como sonâmbulos assustados em direção aos raios de luz. Indispensáveis, eles fertilizam a memória para reverter o processo de esquecimento definitivo dos seres e das coisas. É uma inquietação existencial, uma lucidez maliciosa também, que confere ao trabalho de Hoolboom uma beleza comovente.” Jean Perret Director Visions du Réel Nostalgia, 1971,...

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Jonas Mekas : Reminiscences of a Journey to Lithuania
Oct01

Jonas Mekas : Reminiscences of a Journey to Lithuania

Cineclube Imagem-pensamento  // 08 de outubro     Reminiscences of a Journey to Lithuania 1972, cor, som, legendado em Português, 82′ Reminiscences [of a Journey to Lithuania] tem a forma de um caderno de notas, ou de um diário, uma forma que grande parte do meu trabalho mais recente parece assumir. Não cheguei a ela por cálculo, mas por desespero. Durante os últimos 15 anos fiquei tão envolvido com o cinema independente que não tive tempo para mim mesmo, para minha própria produção cinematográfica – entre a Film Makers’ Cooperative, a Film Makers’ Cinematheque, a revista Film Culture e agora o Anthology Film Archives. Quero dizer, não tive longos períodos para preparar um roteiro, depois passar meses filmando, depois editar, etc. Tive apenas pedaços de tempo que me permitiram filmar apenas pedaços de película. Todo o meu trabalho pessoal tomou a forma de notas. Pensava que devia fazer tudo o que pudesse naquele momento, do contrário poderia não achar mais tempo livre por semanas. Se posso filmar um minuto – filmo um minuto. Se posso filmar dez segundos – filmo dez segundos. Aproveito o que posso, por desespero. Mas por muito tempo não vi o material que coletava dessa maneira. Pensava que o que estava fazendo era praticar. Eu estava me preparando, ou tentando manter o contato com a minha câmera, de modo que, quando chegasse o dia em que tivesse tempo, faria então um filme “de verdade”. Quando fui para a Lituânia, foi-me oferecida uma equipe e câmeras, e poderia têlas usado. Mas não o fiz. Sabia que, embora as imagens filmadas por esses técnicos, seguindo minhas instruções, tivessem sido “melhores” profissionalmente, elas teriam destruído o tema que eu estava perseguindo. Quando você vai para casa, pela primeira vez em 25 anos, você sabe, de alguma forma, que as equipes de cinema oficiais não pertencem àquele lugar. Por isso escolhi a minha Bolex. Minha filmagem tinha de permanecer totalmente privada, pessoal, e “não profissional”. Por exemplo, nunca conferi a abertura da minha lente antes de filmar. Eu corria meus riscos. Sabia que a verdade teria de depender e girar em torno dessas “imperfeições”. A verdade que captava, o que quer que fosse, teria de depender de mim e da minha Bolex. Quando você filma com uma Bolex, você a segura em algum lugar, não exatamente onde está o seu cérebro, um pouco mais abaixo, não exatamente onde está o seu coração – um pouco mais acima… E então você dá corda, você lhe dá uma vida artificial… Você vive continuamente, dentro da situação, em um continuum de tempo, mas você filma apenas em trechos, tanto quanto permita a...

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